Reabilitação do Conservatório Nacional de Lisboa
A equipa formada pela João Lúcio Lopes Arquitetos e pela Projectual venceu o concurso público internacional para elaboração e coordenação do projeto.
De acordo com a Programa Preliminar do Concurso, “a reabilitação do Conservatório Nacional dará resposta ao programa de intervenção acordado entre a EMCN e EDCN beneficiando de um edifício com história e garantindo a aplicação de soluções construtivas sustentáveis, ou seja, de menor impacto ambiental e com maiores ganhos sociais, estreitamente ligadas à construção existente, ao sítio e ao clima da região onde se insere.
O Programa para a reabilitação do Conservatório Nacional está ainda orientado para a compatibilização das características da arquitetura, estrutura e elementos construtivos do edificado existente com as novas exigências de uso contemporâneas e atualizações legais, otimizando a utilização dos recursos existentes, melhorando o desempenho do seu edificado e assegurando os requisitos essenciais, gerais e específicos, de uma infraestrutura escolar dedicada ao ensino artístico especializado de música e de dança.
A reabilitação do Conservatório Nacional deve assim salvaguardar a identidade cultural e histórica do imóvel existente, relativamente à tipologia e até aos materiais de revestimento originais, não descaracterizando a sua imagem, tanto exterior como interior, protegendo e mantendo a sua autenticidade e evitando a perda dos seus valores estéticos, históricos, arquitetónicos e urbanísticos essenciais.
REFERÊNCIA HISTÓRICA DAS ESCOLAS
É durante a segunda metade do século XIX que o Conservatório Real de Lisboa cresce em dimensão e importância social, em grande parte devido ao aburguesamento que então ocorre na sociedade portuguesa. As reformas que se lhe seguem, já durante a primeira metade do século XX, marcam dois períodos da história contemporânea portuguesa, nomeadamente a chamada Primeira República e a Ditadura Militar.
Um ano após a Implantação da República a escola passou a designar-se por Conservatório Nacional de Lisboa e o edifício sofreu uma transformação completa de toda a sua estrutura, tanto exterior como interior.
Em 1912, a instituição desdobrou-se em dois organismos autónomos: o Conservatório Nacional de Música e o Conservatório Nacional de Teatro, voltando a unir-se em 1930. Nessa reorganização passou a existir um único Diretor para a secção de música e teatro, o pianista e compositor José Vianna da Mota.
Em 1930, nova reforma deu origem à fusão dos Conservatórios de Teatro e Música numa única instituição denominada Conservatório Nacional de Lisboa, já com uma secção dedicada ao ensino da dança.
Nos anos 70, surgem vários projetos de reforma do Conservatório Nacional que se traduziram por exemplo, na integração de uma escola de Cinema e de outra de Educação pela Arte (de curta vigência) e, em 1971 e na sequência da reforma de Veiga Simão, é criada a Escola de Dança do Conservatório Nacional.
Na década seguinte, com a entrada em vigor do Decreto-Lei n.º 310/83, de 1 de julho, ocorre a maior divisão no seio das escolas do Conservatório, surgindo a atual estrutura ao nível do ensino da música, teatro e dança, em Portugal, extinguindo-se a organização tripartida do antigo Conservatório Nacional e surgindo em sua substituição cinco escolas autónomas: duas de música, duas de dança, e uma de teatro e cinema, abrangendo estas os níveis básico, secundário e superior.
Nos últimos anos as escolas de cinema e de teatro saíram das instalações da rua dos Caetanos n.º 29 ficando este edifício dedicado integralmente à Escola de Música do Conservatório Nacional (EMCN) e parcialmente à Escola de Dança do Conservatório Nacional (EDCN).
Em 1989 foram feitas obras de reabilitação num edifício próximo ao Conservatório, na rua João Pereira da Rosa n.º 22 para acomodar a EDCN, no entanto pela impossibilidade deste edifício assegurar todos os espaços necessários à capacidade e oferta educativa desta escola, foram mantidos alguns dos espaços ocupados no edifício da rua dos Caetanos do Conservatório Nacional, principalmente estúdios de dança, balneários e vestiários de apoio, um centro de produção e guarda-roupa, entre outros”.